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Chineses da Calb planeiam Fábrica de baterias para carros elétricos em Sines!

Notícias ao Minuto

Portugal assinou um memorando de entendimento com a empresa CALB, da China, para a construção de uma fábrica de baterias para carros eléctricos em Sines. O ministro da Economia confirmou, no parlamento, que o Governo está a negociar um investimento internacional para a primeira gigafactory em solo português.

António Costa Silva respondia a deputados durante uma audição sobre o Orçamento do Estado para 2023. Não identificou o promotor, mas a China Aviation Lithium Battery Tecnology (CALB), cotada na bolsa de Hong Kong, já notificou as autoridades locais de que assinou a 3 de Novembro um memorando de entendimento com uma empresa controlada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), responsável pela atracção de investimento estrangeiro, e que gere a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS).

Pelo lado português, o memorando envolve a AICEP Global Parques, que disponibiliza espaços próprios e plataformas para a localização de empresas e tem naquele concelho um parque industrial com 2375 hectares, segundo o último relatório da empresa.

A ZILS tem zonas de instalação de indústria e áreas de serviços. No último relatório anual, a AICEP Global refere que chegou a acordo com uma subsidiária da Davidson Kemper e a Pioneer Point Partners para a cedência de um terreno de 59,5 hectares para a instalação de um “megacentro de dados”.

Foi também ali que, em 2021, chegou o cabo submarino EllaLink, que liga o Brasil a Portugal, havendo agora outras ligações em projecto. Repsol, BB&G, Woodchem, EnergyKeme foram outras empresas que escolheram a ZILS em 2021, que é “o melhor ano de sempre” em termos de áreas contratualizadas, segundo aquela gestora de parques industriais. Empresas portuguesas como a Cimpor, Sonae Indústria, Galp e EDP também têm instalações na ZILS.

“Negociações complexas”

É também em Sines que os investidores chineses poderão construir a sua fábrica de baterias para carros eléctricos, um projecto que, segundo o ministro, permitiria ao país completar toda a cadeia de valor na área do lítio, e que poderia fornecer as principais fábricas portuguesas que montam automóveis no país, designadamente a Volkswagen Autoeuropa, em Palmela, a Stellantis, em Mangualde, e a Mercedes, no Tramagal.

Confirma-se assim a informação avançada na semana passada pelo presidente da Câmara de Sines. Nuno Mascarenhas (PS) disse, em declarações à Lusa, a 3 de Novembro, que Sines era uma das hipóteses. “É uma das localizações privilegiadas pela CALB, uma vez que temos aqui todas as condições, mas é apenas a primeira intenção”, declarou o autarca.

No mesmo dia, a CALB divulgou o comunicado em que refere ter assinado o memorando para “adquirir direitos de superfície com a intenção de criar uma fábrica sem emissões de carbono, de qualidade mundial, inteligente, informatizada e automatizada” em Portugal.

“Temos nesta altura 17 mil milhões de euros de investimentos mapeados [para Sines]. São cerca de mil milhões para alargar o cais, cerca de 3500 milhões para todo o sistema de cabos submarinos – Portugal será um dos primeiros países do mundo a estar ligado por cabo submarino a todos os continentes (…). Depois há todas as áreas relativas à energia”, anotou o ministro.

“Sines pode ser um pólo do green shipping, estou perfeitamente convicto que o hidrogénio verde, a amónia e o metanol são os combustíveis que vão alimentar as frotas marítimas no futuro, e se Sines se colocar com todos estes investimentos vai ser absolutamente decisivo. Além de tudo isto, um dos grandes investimentos é de uma grande empresa internacional na área das baterias que quer sediar em Sines a fabricação das baterias. (…) Se isto acontecer, com todo o trabalho que estamos a fazer, com a Volkswagen, a Stellantis, a Mercedes e outras marcas, queremos ser um país que esteja à frente na mobilidade eléctrica. São negociações complexas, mas nós estamos a avançar”, vincou Costa Silva.
Sétimo maior produto mundial

Com sede em Changzhou, a CALB entrou há pouco mais de um mês na bolsa de Hong Kong. As acções desta empresa, que enquadra o seu interesse por Portugal na sua vontade de “acelerar a estratégia de internacionalização assente nas necessidades do mercado internacional”, foram admitidas naquela praça a 6 de Outubro.

A CALB actual é a sucessora de uma empresa fundada em 2015. É a sétima maior produtora mundial de baterias, com uma quota de mercado de 3,7%, segundo dados de Setembro citados pelo Cnevpost, uma publicação de Xangai focada em veículos movidos a energias novas, e que faz eco das capacidades portuárias e ferroviárias, bem como logísticas, da ZILS.

Questionado pelo PÚBLICO, o gabinete do ministro da Economia não acrescentou mais informação, sublinhando que “o projecto ainda está em negociação”. A empresa chinesa também confirma que o interesse subjacente ao memorando “pode ou não concretizar-se” e que, até à data, “ainda não há um acordo definitivo com força legal para a transacção contemplada no referido memorando de entendimento”.

Se as negociações chegarem a bom porto, Portugal junta-se assim ao mapa de países europeus com uma gigafactory, depois de ter perdido a corrida à fábrica que a Volkswagen pretende construir no sul da Europa, e que acabará por ser feita em Espanha.

Segundo dados citados recentemente pela Reuters, 44% da capacidade de produção de baterias para carros eléctricos planeada até 2031 na Europa é de origem asiática. Portugal pode contribuir para esta contabilidade com uma fábrica que produzirá 20 gigawatt hora.

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