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Para sinalizar degradação do Tejo, Verdes colocam bandeira negra nas margens do rio, no distrito de Portalegre

 Uma comitiva do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) colocou hoje uma bandeira negra na margem direita do Tejo, junto à Ribeira de Santarém, sinalizando a degradação ecológica do rio, agravada pela seca, e denunciando a ausência de medidas.

“Neste local é muito visível o que se passa no Tejo e a população da Ribeira, que sempre viveu muito ligada ao Tejo, sente muito este problema de seca do rio, que se agrava de ano para ano”, disse à Lusa Manuela Cunha, da Comissão Executiva do PEV.

A ação, que se insere na campanha nacional “S.O.S Natureza”, de sinalização de 40 “pontos negros” no país, através da colocação de bandeiras, iniciou-se no centro histórico de Santarém, com a distribuição de folhetos enquadrando a situação “preocupante” do rio.

A comitiva, que integrou um elemento em andas que transportou a bandeira negra, caminhou até à Ribeira de Santarém, onde ouviu vários moradores lamentarem o estado a que o rio chegou.

“Quem o viu e quem o vê. Acho bem que protestem, a ver se fazem alguma coisa”, reagiu Mário Martins, 91 anos, lamentando a ausência de limpeza do rio.

Colocada a bandeira na margem do rio e uma faixa negra, com a frase “S.O.S. Natureza S.O.S. Tejo”, na ponte D. Luís, Manuela Cunha lamentou a inação dos vários Governos, tanto por Portugal “não bater o pé” a Espanha, para que sejam assegurados, não apenas caudais mínimos, mas caudais ecológicos, como por não ter sido feita a reflorestação com espécies autóctones depois dos grandes incêndios que ocorreram nas encostas do Tejo desde 2003.

“Este governo tem-se mostrado muito pouco sensível às questões ambientais. Tem grandes projetos que são assustadores ao nível do ambiente e, com o PRR (Programa de Recuperação e Resiliência), [preparam-se] intervenções com impactos muito negativos no ambiente”, declarou.

Manuela Cunha lamentou que a questão do Tejo, que é “estruturante”, vá estar “relativizada” na próxima Cimeira Ibérica, perdendo-se uma oportunidade para assegurar “a vida do rio, no rio e das populações ribeirinhas”.

Para Os Verdes, a construção de mais barragens “é tentar tapar o sol com a peneira”, pois não se pode resolver um problema ambiental “criando outro”, afirmou.

“É cada vez mais claro que a única forma de termos reservas de água é reservando no subsolo, o que só é possível reflorestando, reflorestando, reflorestando”, disse Manuela Cunha, apontando ainda a necessidade de definição dos caudais ecológicos e dos usos prioritários.

Em particular, criticou mudanças nas práticas agrícolas da região, como a passagem de culturas tradicionalmente de sequeiro, como a vinha e o olival, para regadio, levando a que haja hoje uma agricultura intensiva, “menos amiga do ambiente do que a que existia no passado”.

Além da Ribeira de Santarém, a bandeira em defesa do Tejo foi colocada igualmente nas margens do rio nos distritos de Portalegre, Castelo Branco, Setúbal e Lisboa.

A campanha “S.O.S. Natureza” terá ainda outras duas ações no distrito de Santarém, uma dedicada aos incêndios e à eucaliptização e outra à poluição que afeta os aquíferos da região.

 

Imagem Ilustrativa

 

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